Supremo Tribunal critica facto de Procurador-Geral da República ter feito desaparecer provas “que o poderiam incriminar”
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Novo embate entre o Supremo Tribunal e a Procuradoria-Geral da República, em relação ao processo contra seu principal funcionário, Álvaro García Ortiz. Em nova decisão, o magistrado que o investiga por suposta revelação de segredos ressalta que "são provas que fizeram desaparecer provas" de seus celulares. No entanto, ele alertou que continuaria a levar o caso adiante porque "não é criminalmente relevante que um acusado faça com que evidências que possam incriminá-lo desapareçam".
Na última decisão de Hurtado, datada de terça-feira, o juiz de instrução estabeleceu que a partir de agora os anexos aos documentos emitidos pela Unidade Operacional Central (UCO) da Guarda Civil não serão entregues às partes envolvidas, mas permanecerão disponíveis para consulta no escritório do tribunal. O juiz tomou essa decisão após uma reclamação de García Ortiz sobre a proteção de seus dados, após vazamento para seu endereço.
Mas o carro vai além da decisão. O juiz repreende García Ortiz por ter apagado seus terminais móveis no mesmo dia em que o Supremo Tribunal abriu um processo contra ele, conforme confirmou a UCO em um relatório recente. "É evidente que o suspeito fez desaparecer provas que poderiam ser encontradas em seus dispositivos móveis e, embora tenha dado explicações diferentes para isso, se tivesse demonstrado algum grau de colaboração no esclarecimento dos fatos, poderia tê-lo comunicado antes de efetuar tal desaparecimento", afirma a ordem judicial.
Além disso, Hurtado lembra que, diante deste desaparecimento, foi acordado que serão realizadas determinadas diligências investigativas para tentar recuperar provas, para as quais "foi necessário recorrer à realização de uma série de medidas tecnológicas de investigação em busca dos dispositivos móveis". Em alguns dos celulares nos quais Hurtado suspeita que García Ortiz "desenvolveu sua atividade criminosa".
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